No entanto, estes avanços não foram suficientes para tirar o país de uma posição intermediária no continente, ficando ao lado de países como Peru, Paraguai e Bolívia, de acordo com a agência da ONU.
Argentina, Cuba e México, entre outros, já alcançaram ou estão próximos de alcançar o índice ideal proposto pela Unesco.
Apesar de progressos limitados entre os anos de 1999 e 2007, o Brasil permanece sendo o país com a maior população de crianças fora da escola na região do Caribe e América Latina e o 12º país na esfera mundial.
No Brasil, 901 mil crianças, com idade entre 7 e 10 anos, estavam fora da escola em 2007 - ao redor do mundo, 72 milhões de crianças não tinham acesso à educação.
Repetência
Outro ponto crítico levantado pela pesquisa é a alta taxa de repetência na escola primária no Brasil. Enquanto a taxa de repetência na região da América Latina e Caribe era menor do que 4% em 2007, no Brasil, ela chegava a 19%.
A qualidade da educação oferecida também foi avaliada. Alunos com oitos anos de educação tiveram a sua habilidade de leitura testada.
No Brasil, assim como no Chile, Colômbia, México, Uruguai e Argentina, entre 36% e 58% dos alunos foram incapazes de demonstrar uma capacidade de leitura normalmente alcançada no meio da escola primária em países desenvolvidos.
O Relatório de Monitoramento Global da Unesco avalia o progresso feito em 160 países para alcançar os seis objetivos propostos pelo projeto Educação Para Todos.
O projeto foi assinado pela comunidade internacional em 2000, em Dacar, no Senegal, e estabelece metas específicas a serem alcançadas até o ano de 2015.
O relatório deste ano ressalta que muitos dos progressos conseguidos na última década na área da educação podem estar ameaçados pela desaceleração econômica mundial.
De todas as regiões em desenvolvimento, América Latina e Caribe lideram os avanços no projeto Educação Para Todos.
Inclusão social
Projetos de assistência social, como o Oportunidades, no México, e o Bolsa Família, no Brasil são reconhecidos pela Unesco como meios para combater a marginalização no setor da educação.
No Brasil, o Bolsa Família ajudou a transferir de 1% a 2% da renda nacional bruta para a parcela da população mais pobre do país, formada por 11 milhões de pessoas.
"Há um limite no que se pode avançar no setor da educação por meio da escola apenas. O maior problema no Brasil está relacionado à pobreza e à desigualdade de renda", afirmou o diretor do Relatório de Monitoramento Global da Unesco, Kevin Watkins, em entrevista à BBC Brasil.
"O Brasil e a comunidade internacional ainda não se deram conta da importância e do impacto de um programa como o Bolsa Família", acrescenta Watkins.
De acordo com o texto divulgado pela Unesco, avanços na área da educação exigem intervenções específicas integradas com uma estratégia mais ampla para a redução da pobreza e a inclusão social.
Outra iniciativa brasileira citada no estudo é o Fome Zero. O relatório aprova os resultados obtidos pelo programa, incluindo a garantia de alimentação para 37 milhões de crianças nas escolas do país.
Já o Brasil Alfabetizado, coordenado pelo Ministério da Educação, é apontado pela Unesco como um programa de sucesso, que já ofereceu curso de alfabetização para cerca de 8 milhões de brasileiros.
Disponível em
Acesso em 19 jan 2010.